prólogo
‘quem já viu um coração de perto sabe que se parece com um punho ensanguentado.
e um estômago. e um útero.
[toda mulher é uma poema]
*
[e finalmente toda areia se deita a se perder no mar, faz sua cama de noiva, se casa com ela, a palavra primordial -- aquela água toda ♀
com orelha de Luci Collin -- que transcrevo abaixo --, posfácio de Estela Rosa y ainda junta comigo, todas as mulheres antes, todas as mulheres juntas y as que ainda virão, dentro e agarradinhas. vem também!]
Água e vastidão e fluxo
Água e vastidão e fluxo. Água e vastidão do tornar-se, do modificar-se, do mover-se – por brenhas da história, por sendas do corpo e do incorpóreo, por brechas das luzes – vir-se e servir-se.
No
alarido de fantasmas e na folia das línguas, as palavras de Nina Rizzi se abrem
em busca e atravessam sorridentes mas solenes a casa em chamas. Num molejo que
remonta à livre precisão do prosaico em melodia, esse Sereia traz urgências e as apascenta, cogita caudais devastadores e
cicatrizes já pele regenerada; esse Sereia
espalha a lindeza de cretas, de magus, das mansas loucuras e agonias ora
feito águas.
E
entramos no mar. Vamos ao mar e ao sal da essência. Tocamos o fundo, após
vigílias e fomes. Requisitamos silêncio e permanecemos silêncio e todos os gritos
que também fomos. E fazemos dormir os antigos fantasmas ora acalentados por
metáforas (não serão mais segredo).
Sangues
de antes, sóis de antes, camas e jaulas de um real de antes e de agora. Reino
de bichos sagrados no gesto ancestral dos riscos. Claire, aqui se diz que há
muita beleza a ser dita. Dizer Sim. Sim é reflexão e refração que vem colada a
todos os lustres. Sim é vivíssimo e igualmente sortilégio de quem quis voar. De
quem se quiser/fizer o próprio imenso, na dimensão que as palavras de Nina
inauguram, o copo d’água vira virou oceano.
Luci
Collin
1 comentários:
A capa ficou linda, Nina. Tenho certeza de que sua poesia só fez crescer. Não vejo a hora de ler seu novo trabalho.
Abração,
Roberto.
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