sexta-feira, 12 de julho de 2019

leituras íntimas - sereia no copo d´água

Ana Pérola Veloso
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Mikaelly Andrade
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Penso também em Sara Síntique, que fala de águas (enquanto Nina trata de sereias: a liquidez é feminina, igualmente). Suas poemas me chegaram na mesma data – quero dizer, na mesma dia – e tive em mãos aquela peça – Concha – que, tendo-a lido antes, já se tornara minha preferida:

fecho em torno do ouvido a mão

e a outra

disseram que há um mar em nós

um mar

isso que ouço?

instável quanto?

desbravável? ou

impossível a um navegante?

pacífico? ou

impossível a um navegante?

queria invenção duma bússola

pra isto que ouço

quem trouxesse uma agulha

magnetizada



um norte?



fecho em torno do ouvido a mão

e a outra



algo ecoa



(já é muito)



Temos mares em nós. Ah!

Grata, Nina e Sara – pela vogal de força que vocês carregam. Com ela, não fica necessariamente mais fácil (mas com certeza se torna aprazível) navegar.

Tércia [Montenegro, em sua página Livros e bichos]
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