sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

fragmento, 2

Marc Chagall (biélorusso, 1887-1985). O tempo é um rio sem margens, óleo 193?

sonhei com você esta noite. ou delirava no coletivo. me ligava e eu perguntava desesperada porquê tanto tempo sem notícias, que te amava e te queria. e respondia na semana que vem, meu amor, na semana que vem nos veremos finalmente e serei gertrude.

olha que coisa: semana que vem estarei lá, onde você podia me amar e eu ser eu mesma, mesmo trancafiada. apareceu. aparecia pra me ver, virar pelo avesso.

voltei do interior esta madrugada. viajar... quase esqueci que não estava indo te ver. eu queria tanto poder te abraçar. um abraço de amigo... eu te amo tanto. tanto que dói. e acho que é só em português que amar rima com dor. eu não sou portuguesa, de você, não lembro. estrangeiras. tuas mãos brancas e estrangeiras e inalcançáveis a despir as brumas dos meus vestidos.

sonhei com você esta noite. não foi nada bom: dizia pra eu me ligar, a gente já era. mas, como é difícil a gente se desligar de certas. já decorei os números. já me liguei. sei que não, nada, nunca mais. mas ó, vou te levar. pelo que é, pelo que me é, pelo que sou quando com. ou o que fui. os meus beijos mais ternos.

não apareceu. um dia, mais um dia... e dizia te beijo, porque te amo. dizia, será que você pode imaginar o quanto é dilacerante eu não saber sequer como está? por favor, esqueça que não gosta que eu mendigue e escreva. só pra dizer como vão as coisas, tua saúde.

1 comentários:

Daniela Delias disse...

Nina, tu pra mim és inspiração...
Bj, bj