quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

fragmento, 1


mal deixei a bolsa num canto vim te falar... que cidade longe da porra! peguei o cambão às 17h e demorei 3 horas e meia numa viagem de 150km de distância: isso te dá uma ideia de nossas estradas "o governo estadual trabalha aqui".

mas é tão longe, tão longe, que vim toda mole de lá aqui, sentindo, ora tesão, ora ternura, ora vontade de chorar, como todo dia, toda hora a te querer garrar... melancolia, claro, mas viajar pode dar tesão também, ficar paradinha no assento. tentei ler um livro, mas não ultrapassei duas páginas, lacrimejei os olhos ao lembrar ou ler certas de omissões, de distância... e estou num cafundó que pensei: era aqui que a gente podia se amar até morrer e, mortas, viver em são saruê... e faz um tempo tão gostoso de quente que dá vontade de viver o impossível imutável, pra sempre, no tédio do sempre.

eu não vou morrer de fome! e eu vou pra não aumentar mais a fome. vou pro alojamento. sonhar, te sonhar até me lambuzar de auroras e tangerinas.

5 comentários:

ragi moana disse...

que lindo!

platero disse...

ela aí está húmida
tropical
manga suculenta

ou sucu-
rápida?

beijo de Alentejo

carito disse...

paul bowles, william burroughs , allen ginsberg , jack kerouac , tennessee williams ...
todos em tanger: ninas!

Vais disse...

Acho fragmento uma palavra misteriosa

tanto que este seu é de uma completude

e esta vontade de viver o impossível imutável por vezes aparece tão forte

beijos & beijos, Nina

líria porto disse...

eu tinha saudades de te ler, de tatear tuas letras... besos