domingo, 4 de dezembro de 2011

fragmento, 3

Fotografia sem título de Tanya Shcheglova e Roman Noven.

barquinhos pintados na parede
minha certeza de naufrágio.

bonito isso, te ninarizzar.

lembrei das festas e elas nunca me apateceram muito. piorou, essas de fim de ano. serão como todas as outras: o mais completo tédio e solidão e, acho, este ano será ainda pior, sei lá, tenho me sentido muitíssimo solitárias estes meses últimos. isso nunca foi coisa de me pegar muito, não me zango e até gosto, mas ando aborrecida... então, no natal provavelmente eu tomo uns vinhos e durmo, mas no ano novo eu desço pra praia e tomo um banho (o que aliás devo fazer hoje, em pouco)... nada demais, nada através, tudo de você.

você me perguntava se é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? creio que sim, em dimensões diferentes, talvez até mesmo dezenas. quanto a mim, se sou envolvente, é um envolvimento psiquico-afetivo: eu não consigo transar. sério, vai uma de cada vez. e como não estarei a trabalhar por uns dias de recesso, serão 10 dias de maresia, virgi santinha de mim, estes dias são terríveis.

tá bem, eu falo rápido. fico feliz em "saber" que não existe uma terceira ou quarta nota lá nas quintas. e não tem essa de espírito natalino mesmo não. minha família, da parte da mamãe, é bem numerosa, e todos muito festeiros, nestas festas todos se juntam na casa de alguém, mas eu nunca participei, a não ser quando bem pequenina. e um dia que resolvi sair à regra e a mãe expôs pra toda família e amigos, tinham lá umas cem pessoas, sério! expôs a menina, justamente a menina.

bem, passei um natal com a minha cadela capitu, que as luas a tenham, fiz uma torta de soja com cenouras pra nós duas e salada de palmito, acho, bebemos espumante, sim, eu e a cadela. ela me lambia as bochechas de de indiferentes lágrimas. mas no fim das contas, mesmo não cabendo ao mundo, isso se catalisa no natal, não pelo natal em si, mas porque todas pessoas se juntam e eu fico me sentindo estranha demais, nem telefonemas, sabe?

estou escrevendo sobre brueghel. pense em provérbios! mas esse fica pra próxima, eu sou tão encantada pelo cabra que acho que vou escrever uma sobre ele. bem, se for assim, levaria uma vida pra escrever sobre você, com meu corpo-todo. será tudo revirado e revigorado. é assim.

2 comentários:

Marcantonio disse...

E há o que não seja fragmento nessa vida?

Muito bonito, muito mesmo.

Ah, Brueghel...

Beijo.

Vais disse...

Nina, demais esta foto, cozinha é dos melhores lugares da casa, a moça de seios perfeitos e as unhas das mãos pintadas de escuro, o corpo sem marcas do sol e os poás, amo, adoro poás.

eu creio que sim, amar dezenas em dimensões diferentes e misturadas nas intensidades

natal virou algo muito estranho, os seres foram trocados pelas mercadorias, ou sempre foi assim e hoje só tem piorado?


beijo & beijo