minha filha se senta de
pernas bem abertas
usa uma calcinha
infantil que lhe cobre toda quase nada
esparrama tinta e grãos
no chão
se arreganha, se
arregala.
combina em tudo com a
paisagem:
meia dúzia de livros
que logo serão trocados
utensílios de cozinha,
duas redes, dois banquinhos
em quase nada tudo cabe
e cabia ainda numa
paisagem tribal cheia de corpos nus
brilhantes, suados e
lisos
nus a natureza pronta.
da janela bem aberta um
espaço outro
paisagem para o nada e
sua gente que em tudo não combina dentro
- fecha essas pernas,
menina!
junto ao cimento e caos
uma pessoa nua de tão pura
exala uma inverdade, um
absurdo
por isso toda a gente
está coberta de peles artificiais
incríveis botas de
pisar o chão doído.
faz sentido.
um mundo que se esvazia
para o nada.
volto dentro
a tinta tinge o chão,
os grãos, a parede
suas pernas bem abertas
- quer dar uma volta lá
fora, pequena?
não.
aqui dentro arde e
treme uma outra verdade
que lá fora é invasão,
atentado, feiura
corpos fora da
des-paisagem.
faz sentido.
dentro é tribo, tecido
chão macio pra se morar.
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