[para Raul Macedo, sempre]
O que acontece quando
morrem os poetas?
Insensíveis, vão, corpo
e mente findos. Ficam essas
Palavras e àquelas mais
que lindas, lazarentas, dizia o poeta
Drummond ou eu que
disse assim, de ler assim o que é meu
[disse, morreu o
homem, um poeta não morre nunca
Fica - como o último
bebop da Náusea que não deságua no
nada -
Para a cada lida
ressuscitar].
Mas o que acontece
quando morrem os homens?
Podia ser uma alegria,
um conforto qualquer crença
Mas eu, que como ‘meu’
homem e poeta não posso crer em nada,
Penso em sua memória – exercício em desconstrução
Lembro que minha cabeça
não dá folga e não posso ter um amigo
- desses que a gente
manda uma mensagem na madrugada atormentada
“sem mimimi: te amo,
poeta. obrigada, te beijo, viu. é bom
ter um amigo, como se
pudesse fazer parte
do mundo, ter uma
conversa digna, enfim...”
Desses que sorriem e
respondem: “eu também. te
beijo, nina. não fica
triste, se não tem a tua, eu te empresto
a minha mãe.”. Desses
amigos que nos respondem e parecem viver
A mesma “sinto que eu
tô afundando de propósito” e você pode
Dizer “acho que vou
fumar um cigarro lá fora, ver os carros
[comboios, ele
corrigiria] passarem- como a vida sobre nós. eu penso
em suicídio todo tempo.
eu vou fumar um cigarro caminhando lá
fora e é uma pena que
nunca chova no ceará, porque a chuva talvez
me fizesse sentir viva”.
Hoje a poesia vive. Plena, pereníssima.
Um amigo não é qualquer
amigo, como o amigo que te beija,
A amiga que te afaga e
suporta e aqueles raros amigos que a gente suspira.
O homem que chamo meu,
não sem disparate e sem romance
O homem, tão menino
ainda
Morreu. Agora chove no
Ceará. Chuva sem metáfora nem mais nada.
Chuva que eu caminho a lembrar
de sua última mensagem
Um poema de Pessoa vivo “[...]
Na
estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado
desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na
distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbido, violento,
inconcebível,
Acelero... “ e eu só lhe
disse: “você sempre estará em Sintra
e eu ‘Na estrada de Sintra, cada vez menos perto
de mim...’”
POEMA
QUE É SÓ UMA EPÍGRAFE
"A pessoa que é
muito admirada é como uma sombra presa, perdida, perdida presa numa inebriante
casa de espelhos. Ela não sabe que os predadores estão do lado de fora,
escalando os muros em torno, que nunca acabam, até que se ouve o barulho dos
corpos caindo e a sombra finalmente desaparece no meio dos aplausos." - (Parábola, Anônimo,
Raul Macedo)
6 comentários:
<3
Nossa, sua homenagem me fez morrer de chorar aqui... Que falta fará Raul Macedo...
belíssima homenagem Nina!belíssimo poeta, pessoa, sonhador o Raul!
beijos
comungo estes nossos,
cheiro
um dia eu escrevi "Raul...silencio que fala".
É isso aí Nina, o poeta Raul Macedo, meu sobrinho, será eterno em nossas vidas.
Que homenagem maravilhosa essa que voce fez pra ele.
Voce era muito especial na vida dele e claro, será na de toda a familia.
Com ja disse mais de uma vez, que bom que voce existe
Postar um comentário