a menina e o gato, o gato e a menina
se eu fosse um gato
o silêncio habitava
meus gestos
precisos
uma menina olha
corre e acaricia
que importa a metafísica
o ranger dos dentes
se eu durmo o dia inteiro
não é preguiça
lá fora faz chuva
arde a lua
a menina quer
passear
não pode gostar
de estar só
porque não conhece
o lugar do mapa
mas gato tem que levantar
lamber o leite derramado
[ilustração de lavínia rizzi, cinco anos, especialmente para este poema que ajudou a conceber]
4 comentários:
Nina,que beleza existe em teu dizer da vida!que afeto intenso que supera a mesmice e vai de encontro a nossa alma ,direto,sem rodeios!
Graça
Poesia pura. Como (à maneira de Gustavo Adolfo Bécquer)quem o escreveu: "Poesía eres tú."
É preciso mesmo de um bocado de manha para secar o leite derramado.
Adorei o poema e adorei os desenhos dessa garotinha :)
beijos
lelena
e lavínia sai do poema e entra novamente e mora nele e já rabisca e pinta e borda o número 7 na pele dele.
lavínia que vejo crescer (ainda que tão de lonjão) com os mesmos olhos orgulhosos da imagem dela, com seu primeiro uniforme de escola, e seu sorriso inocente de mil milhão de reais.
lavínia, filha de mãe guerreira, que cresce entre livros e que nos fins de semana se banha no mar da praia do futuro.
vão longe, mãe e filha.
sou fã.
Postar um comentário