domingo, 9 de setembro de 2012

tambores pra n'zinga em ensaio de katyuscia carvalho



chaos


de onde vim – belezas
e destroços, suam intensamente

tudo existe, dorme. até
que doa o útero, em desfio

gozam a doer profundamente, verdade
no rasgar das manhãs.


outro estudo pra o silêncio

a perene lembrança do teu nome deságua, diáfana
nas nascentes do meu rio mais comprido.


ceciliana 

escorre o óleo do mundo - lima
de rícino, refino

mínima grama ou toda
canteiro, fecundo

a poesia é de quem
precisa, disse o carteiro

lhe ria. além a lama
ternas de exílio e poda

te revisito, o mundo - olha
entre as pernas.


manoelana

transbordam em mim reminiscências:
águas que me secam, redundâncias de me sentir.

se o ocaso está repleto de ciscos, reticências,
serei eu mais que o completo vazio?

(guardo meus olhos na sarjeta mais distante e suja)


composição em azul pra d. mocinha

ela não terá a nudez das camélias,
os pés descalços dos filhos de ancestrais tribos.

um pelo encravado bastava pra lhe sentir a carne,
um cheiro diferente na voz, os rios vermelhos.

uma terceira canção, srta. dunn, do alto das nuvens,
e já não estamos sós. enquanto me arde teu inverno,
brinco de alimentar os gatinhos e os cactos que murcharam.


descalça

não é a terra:
andam estrangeiros
meus pés



bachiana em dois movimentos pra villa-lobos

já volto, vou me inexistir.

no peito, aquela coisa de moer cana.
*

Baixe e leia o livro completo aqui!

5 comentários:

Unknown disse...

de torar,


cheiro

Roberta disse...

Que beleza de poemas. Baixei o teu livro, está entre os próximos na sequência das leituras - embora pretenda também adquirir a versão impressa, pela relação que se estabelece entre leitor e autor, intermediado por esse sutil que se toca. Katyuscia mostra isso muito bem no ensaio. As fotografias dela me deslumbram. Beijos. E parabéns!

Vais disse...

Saudações, Nina
putz,
"já volto, vou me inexistir."

porreta até parar ou até varar

que demais as fotos

e
"no peito, aquela coisa de moer cana."

me chegou o imenso tacho de melado quente e as bananas verdes cozidas no melado

é um tudo que mexe

parabéns, linda Nina

beijos & beijos

Anônimo disse...

Foi uma honra receber o livro (que viajou tanto para chegar até mim)!!!

Um prazer desbravá-lo, e uma delícia tê-lo levado para protagonizar a paisagem, que à poesia, neste dia, se rendeu.

Toquemos tambores, troquemos sensações, sempre.

Um grande beijo, "poetisa"!

Katy.

Carla Diacov disse...

Fiadaputa!