sábado, 10 de outubro de 2020

traduzir "atrás dos olhos" das mulheres

no último dia 03/10, fiz uma oficina de tradução com a Sarah Rebecca Kersley promovida pela Leia Mulheres Feira de Santana e foi muito massa! 

um dos exercícios propostos foi verter para outro idioma o poema de Ana Cristina César “Atrás dos olhos das meninas sérias” (em 07 minutos, hahaha), fiz minha versão em espanhol cometendo as transgressões que amo e que costumo chamar “em lugar de tradução”, quando traduzo de outro idioma pro brasileiro tentando captar coisas que não estão ali “exatamente”; o resultado foi “detrás de los ojos de las dueñas de casa”. 

gostei tanto de brincar com a menina séria branca que esta manhã, em lugar de traduzir as urgências aqui, fiz outras duas versões (mujeres negras/ indígenas), com aquele desejo de sempre sempre ler mulheres negras, indígenas, laterais à história e ao cânone, escritas ou não, e que sempre escreveram através dos tempos. 



Atrás dos olhos das meninas sérias


Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão, por injunções

muito mais sérias, lustrar pecados que jamais repousam?


Ana C.

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Detrás de los ojos de las dueñas de casa


¿Pero puedo decirte que se atreven? ¿O se vayan, por imposiciones

mucho más hogareñas, pulir pecados que nunca descansan?


*


Detrás de los ojos de las mujeres negras


¿Pero puedo decirte que se callan? ¿O se vayan, enlazadas

mucho más que atrapadas, resistir a la brancura transatlántica?


*


Detrás de los ojos de las mujeres indígenas


¿Pero puedo decirte que lanzan flechas? ¿O se vayan, enamoradas

mucho más acultaradas hacer niños mestizos, crear heridas que nunca se pulen?


*


Detrás de los ojos de les menines kuir


¿Pero puedo decirte que son monstruas? ¿O se van, por laberintos

mucho más monstruas, pulir pecados que no se ven en el espejo?


***



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