quinta-feira, 11 de junho de 2020

estar sem estar sendo

quando o mundo parar de acabar
algumas coisas não vão mudar
vou bater na sua porta
e sair correndo

te deixar poemas
fotografias
garrafas de água
frutas
- tangerinas
- caquis
- mangas
essas frutas que nos lambuzam

[outras vão]
às vezes eu também
bem nua
bem nua

será leve o amor
pesado só o meu hálito a cigarro
minhas mãos encontrando seus ossos
e as delias 
as flores todas grandiosas
que poderemos inventar
com nossas línguas

poderemos? 

ilustração de alice dote
poema e ilustração originalmente publicadas na antologia "escritas em pandemia", com escritas de 24 mulheres cearenses, organizada por alice dote, glória diógenes e lara denise silva. leia os demais textos e ilustrações gratuitamente, clique aqui!

1 comentários:

Ulisses de Carvalho disse...

nada é, tudo está: existir é transmutar.
um abraço!