Roberta Fernandes, teste/ nossa verdade ninguém vê; artseries in progress, 2015.
penso palavras tão puras
palavras tão negras
uma mão escreve o silêncio
outra mão agarra o nada
e uma flor
e outra flor
um vau de rio na escuridão
um vaso índio e a pura lama
penso palavras tão puras
palavras tão negras
o olho mansidão
claraclaridade
o mar e o cheiro do mar
o barco e o barqueiro
uma respiração do abdome
aos pulmões ao abdome
penso palavras tão negras
palavras tão puras
no movimento dos dedos
a ligação do céu co’a terra
no movimento dos quadris
a união do vento co’ fogo
na imobilidade
a mais completa ação
penso palavras tão negras
palavras tão puras
nossa
verdade ninguém vê
o fogo a textura a série
uma ruazinha
nascada de tinta
um precipício na esquina
arribação do tu&eu
penso palavras tão negras
palavras tão puras
e o poema está inteiro
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